sábado, julho 29, 2017

New York Times chama Charlie Gard de “o bebê britânico incuravelmente doente”




por Flávio Morgenstern(*)





O jornal americano The New York Times afirmou que Charlie Gard não tinha cura, tão somente porque... bem, porque o bebê TINHA que morrer.


O jornal The New York Times noticiou a triste morte do bebê Charlie Gard com a chamada “Charlie Gard, o bebê britânico incuravelmente doente, morreu”.






O jornal americano The New York Times vem sofrendo queda de vendas vertiginosa e queda de prestígio na América, tendo de demitir boa parte do staff e vender metade do seu prédio – ironicamente, para o genro de Donald Trump. Contudo, tem aumentado o número de assinaturas, como um bastião da extrema-esquerda progressista em militância contra o Partido Republicano.

Mas seu modo de ação e escrita o fez ser motivo de chacota. O escritor e comentarista Andrew Klavan sempre o chama de “ex-jornal”. E a forma como o The New York Times relata notícias sérias e trágicas como a do bebê Charlie Gard reflete exatamente isso.

Charlie Gard ficou preso na Inglaterra, mesmo seus pais tendo conseguindo arrecadar 1,2 milhões de libras esterlinas (cerca de 4,5 milhões de reais) para um tratamento experimental na América. O tratamento tinha um percentual de recuperação de 10%, o que é altíssimo para tratamentos experimentais. Mesmo assim, a Justiça inglesa sentenciou que os aparelhos que mantinham o bebê vivo deveriam ser desligados.

Na semana passada, um médico americano que conhece o tratamento, o dr. Michio Hirano, afirmou que Charlie Gard tinha entre 11% e 59% de recuperação. Mas com o impedimento da Justiça inglesa, o bebê foi sofrendo danos cerebrais até que seus pais desistiram da batalha judicial.

Todos estes fatos não são apenas ignorados pelo The New York Times. O jornal americano simplesmente coloca um aposto no título de seu artigo afirmando que Charlie Gard era um “bebê incuravelmente doente”. Algo cientificamente impreciso, que só existena cabeça do jornalista.

É comum jornalistas forçarem a barra para defender suas causas, sobretudo em títulos (a única coisa que 95% dos leitores lerão). Assim é que se manipula a opinião pública, moldando paulatinamente sentimentos em uma direção. Mas geralmente se faz com confrontos policiais, no confronto entre Israel e Palestina ou em debates políticos.

O The New York Times deu um passo além e tratou um bebê como “incuravelmente doente” tão somente para dizer que ele deveria morrer, que sua morte foi certa, que os fatos não importam, o que importa é tratar o bebê como um bebê que certamente iria morrer.

Assim que trata a inteligência de seus leitores: não com fatos e argumentos, mas apenas fazendo-os crer que a morte é o melhor remédio. Tão somente porque o jornal queria que Charlie Gard morresse.

A cultura da morte é a norma para esquerdistas como os leitores do The New York Times.


(*)
Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs" (ed. Record). No Twitter: @flaviomorgen


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