segunda-feira, março 23, 2015

Paulo Freire: A verdade por trás do patrono da educação brasileira








por Percival Puggina para puggina.org









Notável foi o desconforto que faixa carregada por membros e amigos do Instituto Liberal do Centro-Oeste e idealizada pelo Professor Eduardo F. Sallenave a respeito de Paulo Freire causou em boa parte da esquerda brasileira - muitos destes que nunca sequer leram qualquer obra do referido autor, além de frases motivacionais de Facebook.

Ficamos felizes por este debate crucial finalmente estar em pauta, e de incentivar parte da sociedade a rever o lamentável estado da Educação brasileira.

Faz-se mister compreender Paulo Freire além de fanatismos, clichês e correntes das redes sociais.

Freire, o homem recentemente considerado "patrono da educação brasileira" [1], em sua "Pedagogia do Oprimido" [2], apresenta a pedagogia como um instrumento de revolução marxista.

Ao falar em "revolução", temos que ter ao menos duas coisas em mente. De acordo com o próprio Freire, em sua obra:

1) deverá ser operada uma "revolução cultural", incutindo o "pensar certo" no "oprimido" - isto é, a "consciência revolucionária", ou "consciência de classe". A pedagogia seria um meio para a revolução, e a revolução teria, em si, um "caráter pedagógico".

2) a revolução almeja e destina "chegar ao poder". Evidentemente, esta etapa é descrita com léxico recheado de expressões que remetem a "humanismo", "amor", "liberdade".

O leitor já acha que parece um panfleto marxista? Pois acomode-se; estamos só começando.

Diz Freire: "Consciente ou inconscientemente, O ATO DE REBELIÃO DOS OPRIMIDOS, QUE É SEMPRE TÃO OU QUASE TÃO VIOLENTO QUANTO A VIOLÊNCIA QUE OS CRIA, este ato dos oprimidos, sim, PODE INAUGURAR O AMOR." (grifo nosso)



Lindo, não? O ódio e a violência podem "inaugurar" o amor. Este (dupli)pensamento quase orwelliano poetiza a brutalidade marxista como poucas passagens. Naturalmente, coletivistas são atraídos pela ideia de poderem infligir mal e sofrimento a outros com algum objetivo "nobre" - e muitas aspas nesta hora.

Ou ainda: "A revolução é biófila, é criadora de vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a vida."

Além do ato de rebelião dos "oprimidos" ser "violento" - podendo, ainda assim, "inaugurar o amor" - Paulo Freire vai além e justifica toda e qualquer matança em nome do projeto marxista. O "humanista" Paulo Freire consegue justificar com relativa elegância as matanças em nome do socialismo. Se estivesse vivo, mereceria o cargo de Ministro do Amor.

Aliás, Freire não esconde sua admiração por nomes bastante conhecidos em fartas citações ao longo de sua obra: Che Guevara, Mao Tsé-Tung (lembram da "revolução cultural" mencionada acima?), Lenin, Marx.

Por exemplo, ao citar Che Guevara, remete a um dos "cuidados" que deve ter o "revolucionário":

"Desta maneira, quando Guevara chama a a atenção ao revolucionário para a "necessidade de desconfiar sempre - desconfiar do camponês que adere, do guia que indica os caminhos, desconfiar até de sua sombra", não está rompendo a condição fundamental da teoria da ação dialógica. Está sendo, apenas, realista."

Paulo Freire ainda narra a "liderança de Fidel Castro", retratando-o como um exemplo de "coragem", de "valentia de amar o povo" e de "sacrifício":

"A liderança de Fidel Castro e de seus companheiros, na época chamados de "aventureiros irresponsáveis" por muita gente, liderança eminentemente dialógica, se identificou com as massas submetidas a uma brutal violência, a da ditadura de Batista.

Com isso não querermos afirmar que esta adesão se deu tão facilmente. Exigiu o testemunho corajoso, a valentia de amar o povo e por ele sacrificar-se".

Belo "sacrifício" de Fidel e Guevara em promover fomes, racionamentos, torturas e assassinatos de dezenas de milhares em Cuba,[3][4] piorando significativamente a qualidade de vida da população,[5] enquanto hoje o ditador cubano vive em luxo, sendo um dos homens mais ricos do planeta.[6]

Para o amigo leitor, já não deve ser surpresa alguma que o cidadão considerado "patrono" (sic) da nossa "educação" (sic) tenha tanto apreço por carniceiros e ideólogos das maiores chacinas da História da humanidade - "somente" 100 milhões de mortos em nome do Paraíso na Terra só no século XX.[7]

As vazias tautologias freireanas seguem inclusive beirando outros campos, como o da Economia:

"Esta é a razão por que não pode haver desenvolvimento sócio-econômico em nenhuma sociedade dual, reflexa, invadida. É que, para haver desenvolvimento, é necessário: 1) que haja um movimento de busca, de criatividade, que tenha no ser mesmo que o faz, o seu ponto de decisão; 2) que esse movimento se dê não só no espaço, mas ao tempo próprio do ser, do qual tenha consciência."

Mal sabia o teórico marxista que o segredo para a riqueza das nações não tem qualquer coisa a ver com retórica desgastada e nebulosa, mas com Liberdade Econômica. A possibilidade de criar, de ter, de trocar livremente, de fazer contratos, enfim, de ser proprietário de si mesmo garante o melhor caminho para a prosperidade.[8]

Quantos às críticas recebidas pelo protesto, seria ingenuidade demais achar que a faixa "Basta de Paulo Freire" é direcionada a frases sem qualquer substância prática e emuladoras de um bom-mocismo - por exemplo, aquelas que falam vagamente de "amor", de "educação para libertar", de "amar árvores e bichos".

Entretanto, boa parte da esquerda brasileira se ofendeu justamente por não conhecer, em substância, o que o autor representa, ficando presos na surpresa de ver qualquer manifestação contrária a seu pensamento.

Faz-se necessário apontar que o centro da crítica está na filosofia pedagógica freireana, em sua visão de mundo marxista, classista e consequente e inexoravelmente violenta, que obviamente ainda ressoa na formação de professores brasileiros - muitos, infelizmente, desavisados quanto ao caráter político do ideólogo.

Também metodologicamente Paulo Freire é amplamente criticado por sua óbvia ênfase política e ideológica, em vez de pedagógica e educacional; pelas óbvias contradições de se dizer um "libertador" enquanto, na prática, promove doutrinação; pela a vagueza e o vazio prático em seus diversos enunciados; pela dúvida que há até mesmo quanto à originalidade de boa parte de seu trabalho[9][10][11]:

“Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?”[12]

“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a ação.”[13]

“Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador.”[14]

“Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática.”[15]

Quando a instrução vira doutrinação, é fácil ver o nível da educação cair vertiginosamente.[16] E quando a educação, que deveria ser prerrogativa dos pais, passa a ser prerrogativa de burocratas, vemos todo o tipo de tentativa de manipulação possível.

É claro que Paulo Freire enxergava a pedagogia como uma possibilidade de doutrinar, de pavimentar o caminho para uma suposta revolução - que sabíamos, desde o século XX, ser falida em si mesma, impossível economicamente e inerentemente injusta e brutal.

Freire aponta o "educador humanista" como um "autêntico revolucionário". Aos pais e pagadores de impostos do Brasil: é esta a Educação que você quer para suas crianças? É este tipo de filosofia e ética anti-capitalista que você deseja que permeie o ensino dos pequenos?

Muitos "educadores" do MEC, inspirados no panfleto marxista de Freire, já pararam para se perguntar se os pais e pagadores de impostos desejam que seus filhos recebam este tipo de "educação de classes"?

Esta é uma pergunta retórica: para um marxista, como para qualquer outro coletivista, o desejar individual é a menor das preocupações. O indivíduo é um mero detalhe descartável perante os planos "da revolução".

O que queremos, finalmente?

Queremos Educação com Liberdade. Queremos que pais possam ser livres para escolher o que seus filhos estudam, onde eles estudam - se em casa, por homeschooling, em colégios, com tutorias.

Queremos que nossos pequenos não tenham ideologias empurradas goela abaixo por gente que acha que sabe decidir pelos filhos dos outros.

Queremos uma educação descentralizada e não sujeita aos caprichos de um pequeno corpo de burocratas em Brasília que intrusivamente decide até o currículo a ser estudado por alunos nos quatro cantos do Brasil.

Queremos o fim da doutrinação marxista sustentada com dinheiro público. Basta de Paulo Freire.


[2] Todas as citações de Freire seguem de sua obra "Pedagogia do Oprimido", enfocada neste texto.http://www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf%5Cpedagogia_do_oprimido.pdf










[12] David M. Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.

[13] Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.

[14] John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de 1973.

[15] Rolland G. Paulston, “Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.

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