sábado, janeiro 26, 2013

Cidade de Santos








O maior jardim de orla do mundo - 467 anos de fundação.








Sombras de Martim Afonso.Brás Cubas, Navarro, Anchieta.Mangue pestilento.Tabas do íncola bravio.Brasil novo, minha gente.
Revivo os dias do Brasil passado,nestas praias de Santos,batidas de sol e beijadas pelo Atlântico.

Evocação do burgo, inicial e rude.Uma coroa de terra, ressaindo do escuro charco,cerrada de morros inóspitos, agressivos.Pântano, mangue, praias submersas, o lagamar.
A bota ferrada do conquistador avança imperativa e audaz.Na baliza do trabuco alçado a planta firme do negro,os artelhos ágeis e sutis do índio.Apontando o mostrador do Tempo.Traçando rumos à História do futuro,os vultos austeros de Nóbrega,José de Paiva, Anchieta.

O descobridor valente avança destemido.Vence Paranapiacaba e, alargando trilhas,sobe lentamente, decidido.Conquista a serrania imensa.Firma-se no Planalto,e gesta Piratininga.
Revejo os dias do Brasil passado nesta cidade autêntica no estilo lusitano.Nestas velhas igrejas de barroco original.Nestas ruas estreitas, desiguais.Nestas frentes vestidas de azulejos.Nos portais de pedra destas casas de beirais.

Revivo as eras do Brasil primevo nestas ruas de Santos, de nomes legendários:Manoel da Nóbrega, Brás Cubas,Fernão Dias, Tibiriça, Anchieta.Escola de Sagres... Caravelas e veleiros.Naus do descobrimento.Mestres marinheiros,reis dos mares oceanos.
Marujos e gajeiros.Velho Portugal de meus avós.Rudo tronco ancestral, genealógico.Minas e bandeiras, cidades e forais.Unidade de raça, de língua, de ética, de costumes.
Heredos e atavismos, nômades e sedentários...Assimilação e repulsa.Afro, luso, ameríndio.Tateio entre as raças donde provenho para o desconhecido dos destinos.

Combatendo a mim própria,procuro conjugar estranha sensação de ser e de não ser...Afro, lusitano e bugre— sou a herança hesitante de vós três.Praias de Santos...Íncolas e lusos.Fidalgos e plebeus.Negros da Costa d'África.Piratas e salteadores.Traficantes e bastardos.Frades e judeus pisaram estas areia se se acoitaram nestes recantos.

Um comentário:

O Mascate disse...

Obrigado Antonio Carlos, garanto que muito Santista desconhece esse poema.
Santos é tudo isso do passado e muito mais no presente, e avançando rapidamente para o caos do futuro.
Mesmo assim, não conheço melhor lugar para se viver.

Abraços
Fernando