terça-feira, dezembro 04, 2012

Gaza Não É a Chave, Filadélfia É.






Gaza Não É a Chave, Filadélfia É.


por Daniel Pipes

Original em inglês: Gaza's Not the Key, Philadelphi Is
Tradução: Joseph Skilnik

A segunda guerra entre o Hamas e Israel de 10 a 21 de novembro estimulou um imenso debate sobre seus aspectos positivos e negativos, cada lado tentando atrair um grande bloco de indecisos (19 por cento dos americanos de acordo com CNN/ORC, 38 por cento segundo Rasmussen). Será que Israel é um estado criminoso que não tem o direito de existir, muito menos usar de força? Ou será que Israel é uma democracia liberal moderna, sob estado de direito, que de forma justificável protege civis inocentes? A moral move o debate.


Para qualquer pessoa sensível, é óbvio que os israelenses estão 100 por cento certos em se proteger de ataques injustificáveis. Uma charge da primeira guerra entre o Hamas e Israel de 2008 - 2009 mostra, de forma simbólica, um terrorista atirando detrás de um carrinho de bebê em um soldado israelense na frente de um carrinho de bebê



A claríssima diferença entre os dois lados.





A questão mais difícil é como evitar futuras guerras entre o Hamas e Israel. Alguns antecedentes: Se os israelenses estão 100 por cento certos em se proteger, seu governo também arca com toda a responsabilidade de ter provocado esta crise. Especificamente, realizou duas retiradas unilaterais equivocadas em 2005:

<>De Gaza: Ariel Sharon venceu a reeleição ao posto de primeiro ministro em janeiro de 2003 em parte por ter zombado de um rival que defendia a retirada unilateral de todos os residentes e soldados israelenses de Gaza; depois, inexplicavelmente, em novembro daquele ano ele adotou a mesma política e colocou-a em prática em agosto de 2005. Naquela época eu disse que isto era "um dos piores erros já cometidos por uma democracia".

<>Do Corredor Filadélfia: Sob pressão dos Estados Unidos principalmente da Secretária de Estado  Condoleezza Rice, Sharon assinou um acordo em setembro de 2005, chamado de "Acordos Estabelecidos", que previa a retirava das forças israelenses do Corredor Filadélfia, uma área com 14 km de comprimento e 100 metros de largura entre Gaza e Egito. A desafortunada "Missão de Assistência Fronteiriça da União Européia para o Posto de Passagem de Rafa" (EUBAM Rafah) se posicionou.



O Corredor Filadélfia em existência até novembro de 2005.


O problema é que as autoridades egípcias se comprometeram no acordo de paz de 1979 com Israel (III:2) a evitar "atos ou ameaças de beligerância, hostilidade e violência", mas na realidade permitiam o contrabando volumoso de armamentos a Gaza através de túneis. De acordo com um documento de Doron Almog, ex-chefe do Comando Sul de Israel no início de 2004, o "contrabando tem uma dimensão estratégica" pelo fato dele envolver quantidades suficientes de armas e equipamentos militares "para tornar Gaza uma plataforma de lançamento para ataques cada vez mais intensos e com maior alcance contra o território israelense".

Almog considerou essa política "um jogo perigoso" do regime de Mubarak e um "enorme perigo estratégico" que poderia "por em risco o acordo israelense-egípcio além de ameaçar a estabilidade de toda a região". Ele atribuiu a atitude complacente do Egito a uma mistura de percepções antissionistas entre as autoridades e a disposição de dar vazão aos sentimentos antissionistas da população egípcia.


Sharon arrogantemente assinou os "Acordos Estabelecidos", contrariando a forte oposição dos órgãos de segurança de Israel. Obviamente, ao remover esta camada de proteção israelense, seguiu-se conforme previsto um "aumento exponencial" no arsenal de Gaza, culminando nos mísseis Fajr-5 que atingiram Tel Aviv neste mês.

A fim de permitir que soldados israelenses evitem de forma eficiente que armamentos cheguem a Gaza, David Eshel do Defense Updatesustentava em 2009 que a IDF (Forças de Defesa de Israel) reconquistassem o Corredor Filadélfia e aumentassem o seu tamanho para uma "linha de segurança estéril completa de cerca de 1.000 metros", ainda que isso significasse transferir para outro local aproximadamente 50.000 residentes de Gaza. Curiosamente, em 2008,Ahmed Qurei da Autoridade Palestina endossava em particular medidas semelhantes.

Maj. Gen. (res) Doron Almog de Israel previu os problemas
de hoje no início de 2004.


Almog vai mais longe: notando o profundo envolvimento iraniano em Gaza, ele defende transformar o Corredor Filadélfia em terra de ninguém alargando-o para cerca de 10 km. O ideal seria, conforme diz em uma correspondência enviada a mim, se o Army Corps of Engineers dos Estados Unidos construíssem um obstáculo a fim de evitar o contrabando e se os militares americanos tivessem um papel contínuo em policiar a fronteira. Segunda opção, deixar na mão dos israelenses. (O Acordo Gaza-Jericó de maio de 1994, ainda em vigor, estabelece uma "Área de Instalações Militares" sob total controle de Israel – de fato, o Corredor Filadélfia – que concede a Jerusalém a base legal para retomar esta fronteira tão importante).

Já Michael Herzog, anteriormente oficial altamente graduado no Ministério da Defesa de Israel, me informa que é tarde demais para Israel retomar o Corredor Filadélfia, que a pressão internacional sobre o Egito para interromper o fluxo de armas para Gaza é a solução. Na mesma linha, o ex-embaixador Dore Gold defende "acertos" conjuntos EUA-Israel com o propósito de evitar a entrada de armamentos.

Estou cético quanto a um papel eficaz americano, seja militar ou diplomático, somente os israelenses têm estímulo suficiente para acabar com a transferência de armas. Os governos ocidentais deveriam sinalizar ao Hamas que eles irão encorajar Jerusalém a responder ao próximo ataque de mísseis com a retomada do Corredor Filadélfia, evitando assim futuras agressões, tragédias humanitárias e crises políticas.

DanielPipes.org


Nenhum comentário: