domingo, novembro 04, 2012

A hipocrisia humanitária da esquerda cristã.









A hipocrisia humanitária da esquerda cristã.
por Raymond Ibrahim


No momento em que cristãos estão sendo perseguidos severamente em todo o Oriente Médio graças à farsesca “primavera árabe”, a esquerda cristã levanta-se justamente contra Israel, o único país da região no qual existe verdadeira liberdade religiosa.


O uso de dois pesos e duas medidas para qualificar quem é o oprimido merecedor de ajuda está em crescimento. Duas histórias recentes mostra isso claramente:

Primeiro, uma matéria relatou por meio das palavras da Coalizão Turca da América o “contínuo interesse turco em expandir os negócios e laços culturais com a Comunidade dos Índios Americanos” e “o interesse turco em construir pontes para comunidades americanas nativas país afora”. O congressista republicano Tom Cole (Oklahoma) até introduziu um projeto de lei que daria aos turcos direitos especiais e privilégios nas áreas tribais dos nativos americanos sob o argumento de que “esse projeto de lei trata-se de uma ajuda aos índios americanos”, além de “ajudar os habitantes originais do novo mundo, que é exatamente o que essa lei fará”.

A própria ideia do governo islâmico da Turquia estar interessado em “ajudar os índios americanos” já é um disparate, tanto do ponto de vista histórico quanto contemporâneo. No século XV, quando os europeus estavam descobrindo as Américas, os muçulmanos turcos estavam conquistando e matando cristãos na Europa (e é evidente que esse era o motivo principal pelo qual os europeus começaram a velejar em direção oeste). Se os primeiros colonos europeus lutaram e mataram os nativos só recentemente, a Turquia cometeu um genocídio em massa contra os cristãos armênios. E enquanto os Estados Unidos fizeram compensações aos nativos indígenas, os turcos não só negam o holocausto armênio como continuam a abusar e perseguir nativos cristãos.
Imagens do Genocídio Armênio 1915

Resumidamente dizendo, se os turcos estão querendo ajudar os marginalizados e oprimidos, deveriam começar a fazer isso em casa.

Mas é claro que a Turquia está apenas querendo ajudar a si mesma; os índios americanos são meras ferramentas de infiltração. Não é preciso pensar muito no perigo que representa milhares de muçulmanos turcos se estabelecendo em áreas semiautônomas dentro da América e trabalhando bem próximos de uma minoria que guarda rancor contra os EUA.

Portanto, se é possível entender as tramoias turcas, o que fazer com outro relatório recente? Quinze líderes de variadas denominações cristãs, compostas majoritariamente de protestantes – incluindo luteranos, metodistas e UCC (United Church of Christ) – pediram ao Congresso para que ele reavalie a ajuda americana para Israel, pois “a ajuda militar servirá apenas para sustentar o status quo e a ocupação militar israelense em territórios palestinos”

Esses são os mesmos líderes cristãos que não disseram uma única palavra a respeito da desenfreada perseguição de milhões de cristãos em todos os cantos do mundo islâmico – perseguição essa que faz com que a situação palestina seja insignificante se for comparada.

Se os muçulmanos são subjugados em terras israelenses, pelo menos é possível argumentar que os judeus estiveram lá milênios antes dos muçulmanos conquistarem Jerusalém no século VII. Por outro lado, milhões de cristãos – pelo menos 10 milhões apenas no Egito, ou seja, os coptas nativos – têm sofrido em sua própria terra natal por 14 séculos desde que os islâmicos chegaram lá com suas espadas.

Isso é algo que não pode tampouco ser limitado pela visão histórica: do oeste da Nigéria até o leste do Paquistão, cristãos estão sendo, neste exato momento, presos por apostasia e blasfêmia; suas igrejas estão sendo bombardeadas ou queimadas; as mulheres e crianças estão sendo sequestradas, escravizadas e estupradas. Para se ter uma ideia, veja meu periódico mensal Muslim Persecution of Christians, onde eu acumulo mensalmente dúzias de breves narrativas dessas histórias de perseguição – cada uma delas, se fosse com um palestino, seria manchete mundo afora; mas como se trata apenas de cristãos “fora de moda” que estão sofrendo essas atrocidades, a atitude perante eles é de negligência.

Além disso, os cristãos palestinos também não estão imunes a esse fenômeno: recentemente, um pastor comentou que a “animosidade em relação às minorias cristãs em áreas controladas pela Autoridade Palestina tem aumentado. As pessoas estão sempre dizendo [aos cristãos]: converta-se ao Islã, converta-se ao Islã.”

Entretanto, o Comitê Judaico Americano, que estava “ofendido pelo pedido dos líderes cristãos”, fez a coisa certa e disse: “No momento em que a liberdade religiosa e a segurança dos cristãos estão ameaçadas por todo o Oriente Médio por conta das repercussões da “Primavera Árabe”, esses líderes cristãos escolheram dar início a uma polêmica contra Israel, justamente o país que protege a liberdade de expressão religiosa dos cristãos, muçulmanos e demais religiões”.

Sob qualquer aspecto, as atuais atrocidades que estão sendo cometidas contra cristãos por todo o mundo muçulmano são muito mais ultrajantes e merecedoras de atenção para a busca de uma solução do que a tão falada “questão palestina”. Aliás, o tratamento israelense dado aos palestinos, alguns dos quais, como o Hamas, declaram abertamente a intenção de erradicar o estado judaico é em grande parte baseada no que se foi dito acima: Israel sabe da animosidade inata do Islã para com os não-muçulmanos e não deseja estar sob o jugo deles, daí as medidas que toma para continuar a existir.

Finalmente, há uma considerável ironia em se tratando das diferenças entre os muçulmanos turcos e os cristãos liberais [NT.: liberal no sentido de “defensor das ideias de esquerda”] dos EUA: enquanto o primeiro usa da hipocrisia para delegar poder ao Islã, o segundo usa da hipocrisia para enfraquecer o cristianismo, mesmo inconscientemente. Assim como os liberais americanos se esforçam para se dissociar da herança europeia – vendo-a como raiz de todos os males, e lutando avidamente pelos direitos dos não-brancos como os índios americanos – os cristãos liberais americanos estão lutando para se dissociar da herança cristã, lutando avidamente pelos direitos dos não-cristãos, o que explica o interesse pelos muçulmanos palestinos.

E enquanto tudo isso acontece, o grupo religioso que é de fato perseguido em todos os cantos do mundo islâmico – ou seja, os cristãos – é devotamente ignorado pelos hipócritas humanitários.



Raymond Ibrahim integra o Middle East Forum, presidido por Daniel Pipes, e é “Shillman Felow” no David Horowitz Freedom Center.

Publicado no site da FrontPage Magazine.

Tradução: Leonildo Trombela Júnior


Um comentário:

Kozel® disse...

Bom artigo,fotos impressionates!