quinta-feira, novembro 01, 2012

A Censura chegou.













É claro que não foi hoje, nem ontem, mas em janeiro de 2003. O governo que se instalou no poder - e não tem hora para terminar - inovou na Censura. Nada dos velhinhos plantados nas redações fazendo observações, cortando matérias inteiras e praticamente obrigando jornais a publicarem receitas e poemas de Camões. Isso é démodé, antiquado. O governo inovou na forma de censurar; simplesmente alimentando os jornais, televisões e rádios (sem contar os blogs de aliados, como Paulo Henrique Amorim) com farta publicidade governamental.


E assim caminha o Brasil rumo ao partido único e à Imprensa única e, tão logo isso aconteça, não será mais necessário alimentar jornalistas com publicidade; não haverá quem possa ser ameaça já que todos formarão um único bloco pró governo (ou desgoverno, como queiram).

O artigo abaixo, onde se mostra claramente que um jornalista de 45 anos de dedicação a um outrora grande marco da Imprensa livre do Brasil (O Estadão), qual é a intensão presente e futura do governo e demonstra igualmente que grandes órgãos de imprensa livre estão em fase de extinção.

Note-se que até mesmo a coluna Imprensa que está no site da UOL, de propriedade da Folha de São Paulo-Data Folha (outro baluarte governamental) e que publica essa história triste de censura, corre o risco de também - brevemente - sair do ar. Ou será que podemos confiar na Folha de São Paulo dos "petistas" incontroláveis como Monica Bérgamo e Elio Gaspari (para citar apenas dois)? Será que poderíamos confiar nos proprietários deste órgão que há dias  faltou apenas pedir aos leitores que assinassem uma petição para a não punição dos mensaleiros: (Folha de São Paulo faz na prática defesa da impunidade para criminosos do colarinho branco, incluindo os mensaleiros).

Vamos ao artigo:



Fui censurado no Estadão e isso não admito”, diz Ethevaldo Siqueira sobre saída do jornal
Após 45 anos no periódico, jornalista afirma que desentendimentos com direção acelerou o término de sua coluna
por Luiz Gustavo Pacete


O jornalista Ethevaldo Siqueira, que completou 80 anos no último mês de agosto, tinha planos para deixar de publicar sua coluna no Estadão - após 45 anos no jornal - em dois ou três anos, o encerramento da parceria seria por um motivo simples: dedicar-se a outros projetos. Entretanto, a saída foi adiantada por meio de sua coluna, publicada em 21 de outubro, avisando aos leitores que deixaria de escrever no periódico. “Não foi nenhuma tragédia, nada triste, a não ser, é claro, uma questão sentimental de trabalhar todos esses anos no jornal e ter de me despedir”.


Siqueira explica, com exclusividade à IMPRENSA, que sua saída do jornal se deu por desentendimentos com o diretor de conteúdo do Grupo Estado e por uma situação desconfortável que para ele configura censura. “Eu pretendia ficar mais algum tempo, mas não me dei bem com o [Ricardo] Gandour. É uma figura que não tem raízes ou tradição no jornalismo. Exerceu cargos relacionados a jornalismo em outras grandes empresas, é jovem, mas não tem liderança, meteu ‘os pés pelas mãos’ várias vezes comigo. Inclusive quando quis censurar minha coluna”. 

O episódio que Siqueira cita como censura aconteceu há alguns meses. O colunista escreveu em seu espaço críticas direcionadas à política adotada pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. O ministro contatou a direção do jornal e pediu direito de resposta. Quando Siqueira pediu uma tréplica à resposta de Bernardo foi informado que já tinha tido oportunidade de escrever em sua coluna e que agora era a oportunidade de o ministro falar. “Ele veio me dizer que eu não poderia criticar o governo daquela maneira. O jornal nunca fez isso comigo em todo o tempo que eu estive lá. Ficou a palavra do ministro contra a minha e o Gandour não me deu direito de resposta. Eu não aceito isso. Não pelo jornal, mas por essa figura [Gandour]. Eu só fui ver a publicação no dia seguinte”. 


O jornalista aponta que sua atitude à época foi madura o suficiente para não configurar qualquer tipo de “picuinha”. “Tenho maturidade o suficiente para não ter nenhum tipo de vaidade boba”. 

Siqueira se preocupa com o futuro do jornal e ressalta os grandes talentos que a publicação vem perdendo. “Um ou outro pode sair, mas não pode perder talentos, além disso, ninguém mais que está lá terá a perspectiva de carreira que eu tive”. Siqueira chega a citar os colegas recentes que deixaram a publicação, entre eles Carlos Alberto Sardenberg, Pedro Dória e Renato Cruz. 


O jornalista fala também sobre as dificuldades que tinha nas negociações de renovação de contrato. “Ele queria renovar o contrato, mas costuma argumentar nessas ocasiões que não poderia pagar o que eu já vinha ganhando por isso teria de baixar o valor. A função dele lá é cortar despesas e eu não concordo com esse tipo de atitude”. Siqueira usa uma frase do patrono do Grupo Estado, Júlio de Mesquita Neto, para rebater a situação que acontece atualmente com a empresa. “Eu aprendi com o Sr Júlio que o coração e a alma de um jornal estão na redação, não no prédio, nas máquinas, na tecnologia e tampouco na publicidade”. 

Para o jornalista, que se especializou na cobertura de telecomunicações, o jornal tem conteúdo, mas se vê diante de um grande desafio: ter receita no digital. “Além disso, o Estadão está perdendo valores. Minha preocupação é com o futuro do jornal, não estou criticando acionistas. Mas vi o drama da redação. Ele é um cara autoritário, não lidera. É um capataz”. 

Siqueira afirma que disse tudo isso diretamente para o diretor de conteúdo que respondeu: “Vou desconsiderar tudo que você está dizendo”. O jornalista concluiu afirmando que tudo o que aconteceu é um desrespeito com a dedicação que ele teve para com o veículo. “Um desrespeito inclusive com minha idade, não queria nada de ninguém, queria continuar mantendo minha coluna com a maior qualidade, além de reportagens e artigos especiais que eu sempre publiquei”.


Procurado por IMPRENSA, o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, reagiu com espanto às afirmações do ex-colunista. “Fiquei chocado com as colocações. Minha relação com o colunista sempre foi cordial, e ele sempre desfrutou de autonomia, tanto que, em seis anos de convivência no jornal, ele nunca se queixou.”

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