sábado, setembro 23, 2006

Extraido do livro "Viagens com o Presidente"










Extraido do livro "Viagens com o Presidente".




dos jornalistas Eduardo Scolese (Folha de SP) e Leoncio Nossa (O Estado de SP):


1 - Nas viagens internacionais, logo no início do trajeto de volta ao Brasil, Lula costuma chamar o Ministro Celso Amorim e um Oficial da Aeronáutica à sua cabine e, com a ajuda de um grande mapa-múndi, trata de ficar imaginando quais poderiam ser os próximos paises a serem visitados. A rotina, então, é questionar Amorim sobre as características dos países apontados por ele no mapa e ao militar pergunta a respeito das questões técnicas das rotas imaginadas, como escalas e trajetos viáveis à aeronave.

2 - Cadê as cartilhas, porra? Esbraveja o Presidente da República. O ajudante de ordens tenta se desculpar. O Presidente está uma fera, elevando o tom da voz na frente de todos. Vermelho de raiva, Lula grita ao funcionário:
- Como é que não trouxe as cartilhas, seu incompetente!


3 - Numa audiência com a Ministra do Meio Ambiente, Marin a Silva, na época em que o governo começava a discutir a transposição de parte das águas do Rio São Francisco, o presidente ouve atentamente a opinião contrária dela e os argumentos favoráveis dos técnicos das empreiteiras.
Após ouvi-la, Lula consola a Ministra: - "Marina, essa coisa de meio ambiente é igual a exame de próstata, não dá para ficar virgem a vida toda. Uma hora eles vão enfiar o dedo no cu da gente. Então, companheira, se é para enfiar que enfiem logo".


4 - No final do primeiro ano de governo, Lula vai ao Egito e visita o Museu do Cairo. Naquele dia, o primeiro comentário ocorre quando é informado de que a tumba do faraó Tutancâmon foi única entre as dos imperadores egípcios a resistir aos ataques de saqueadores:
- Veja desde quando vem o crime organizado!
A seguir, é a vez da primeira-dama soltar a sua apreciação, ou ouvir do guia que os egípcios seguiam setenta mandamentos, e não apenas dez:
- Imagine, setenta. É muito pecado!


5 - Lula, durante viagem ao Japão, a um assessor que queria fazer-lhe um relato das atividades da CPI dos Correios, nesse dia:
- Deixa eu te dizer uma coisa, meu caro. É o seguinte. Se você tiver que dar uma noticia ruim a um companheiro, não faça isso à noite, pelo amor de Deus. Se tiver passado das nove da noite, primeiro que não vai ter tempo para resolver mais nada naquele dia, e segundo, você ainda vai fazer o favor de estragar o sono do companheiro. Ele não vai conseguir dormir mais com aquela coisa martelando na cabeça. O Presidente olha o assessor e solta mais uma preciosa
dica:
-Ah, e de preferência também não dê uma notícia ruim a um companheiro pela manhã. Não dê, não dê. Isso vai fazer o companheiro começar o dia num baita mau humor. É horrível!

6 - Na viagem que fez à Bolívia em janeiro de 2006, Lula fica irritado ao ler um artigo de jornal que aponta algumas falhas na política agrária do governo federal:
-Tem que mandar esse cara aqui tomar no cu. A gente aumenta o número de contratos da agricultura familiar, faz uma reforma agrária de qualidade e investe no agronegócio e ainda tem que ler isso aqui?
Ao notar o silêncio dos assessores, Lula prossegue o ataque.
- Num caso como esse não tem jeito, meus caros, não tem jeito. Tem que mandar tomar no cu mesmo, não tem outro jeito.


7 - Numa sessão de cinema, no Palácio da Alvorada, num dos raros momentos em que o Presidente se dispõe a bater papo com senadores e deputados, ele foi questionado, em tom de brincadeira, pela senadora Ana Julia, do PT paraense.
-Presidente, diga para nós. O que existe de fato entre o senhor e o governador sergipano João Alves?


- Eu sempre quis foder o João Alves. Já fiz aliança com todo mundo lá, com o Albano Franco, com o Almeida Lima. Eu faço aliança com qualquer um para foder o João Alves. Esse eu quero foder de qualquer jeito.


8 - Na suíte presidencial de um hotel de Georgetown ao receber de um assessor o texto do discurso que fará sobre o combate mundial à fome.
Diante do Ministro Celso Amorim e de funcionários do Palácio do Planalto e do Itamaraty, o presidente folheia rapidamente a papelada e a arremessa a metros de distancia:
- Enfiem no ___ esse discurso, ___. Não é isso que eu quero,
piiii. Eu não vou ler essa merda. Vai todo mundo tomar no ___. Mudem isso, rápido.


9 - Numa tarde de calor infernal, o presidente Lula estava suado, abraçando e beijando admiradores numa cidadezinha da Bahia, e pediu uma toalha, com urgência. O ajudante de ordens ouviu e saiu meio desajeitado, lento, e Lula, irritado, comentou: "Olha o bundão, lá vai o bundão pegar a minha toalha". Ninguém estranhou. O governo mal começava, mas o descaso com as boas maneiras já era rotina no Planalto.

O livro na verdade poderia chamar: Um perdido numa pátria suja (Relembrando Plinio Marcos).

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